segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Capítulo 13 - Caçada

          - Não é possível! Não é possível! – repetia Hadel enquanto balançava os braços com desespero no lugar em que antes havia o espelho para o mundo lógico. Seus olhos estavam vidrados de cólera e pavor. Os objetos da casa começaram a tremer. Potes e caixas caiam de mesas e prateleiras, enquanto Hadel tentava descontroladamente reunir objetos e poções para tentar em vão reabrir a passagem.
          - Estava aqui! Estava aqui na minha frente! O que aconteceu? O que eu fiz de erra... – antes que terminasse a frase ele se calou. Tudo ficou em silêncio e no escuro.
          Com os olhos esbugalhados, Hadel se virou para o javali escondido em um canto do quarto e começou a murmurar palavras sem sentido. Com as mãos trêmulas, ele agarrou Ragi pelas patas traseiras e o carregou para fora da casa, o olhando fixamente enquanto o animal esperneava tentando se soltar.
          Transbordando de ódio, Hadel ergueu o animal pelas patas traseiras no precipício. O vento estava mais forte que o normal e as gotas de chuva começavam a cair de forma agressiva, impulsionadas pelo vento.
          - Eu deveria te jogar daqui, animal! Acabar com esse tormento que é você! O menino não morreu! Eu vi! E a culpa é sua, seu estorvo!
          Um raio cortou o céu e caiu no topo da falésia fazendo com que a estrutura do precipício estremecesse. O tremor fez com que Hadel se desequilibrasse e soltasse o javali, que por pouco não caiu no abismo e conseguiu correr para dentro do casebre. Hadel o seguiu, começando a se acalmar, mas ainda muito enfurecido. Bateu a porta com força ao entrar e se sentou, ainda molhado da tempestade, em sua poltrona.
          - O menino está em Greenfar, Ragi. Eu vi. O maldito tem o meu livreto! Ele pode ter aberto uma passagem, mas não conseguiu voltar e isso significa que eu ainda posso beber dele o conhecimento que preciso. Vamos viajar, Ragi.