terça-feira, 19 de março de 2013

Capítulo 11 - Chegada (rascunho)


        No instante em que a passagem se fechou, a pequena sala da casa de Fred sofreu uma transformação invisível. Todos ali tentavam entender o que havia se passado, mas um grito fez com que todos olhassem para a mesma direção.
        - Você está vivo!
        Mal terminou a frase e Solk deu um pulo na direção de Luca, o abraçando com tanta força que ele mal podia respirar. Mesmo depois de tantos anos, a diferença física entre os dois continuava notável.
        - Eu sabia, Luca! Eu não sou maluco, estavam todos errados, eu sabia! O que aconteceu com você esse tempo todo, onde a gente está? Olha pra vc! Cresceu! Espero que aqui ninguém mexa com você e se mexer agora eu estou aqui também...e que lugar mais quente, hein?”
        Luca não acreditava que o amigo estava ao lado dele novamente e do mesmo jeito falante que o havia deixado, mas essa felicidade durou pouco tempo quando ele percebeu que agora ambos estavam presos em Greenfar e a vida dele também havia sido apagada...
        - Eu não acredito que você está aqui, Solk! Eu nem sei direito...”
        Antes que pudesse terminar a frase os dois se abraçaram novamente. Palavras não eram suficientes e talvez eles estivessem tentando provar para si mesmos que aquele encontro era real. Até que Luca soltou Solk rapidamente. A temperatura do corpo de Solk estava tão alta que queimava.
        - Luca, o que está acontecendo? Minha cabeça dói e meu corpo está queimando!
        O rapaz olhava para seus braços e pernas e aparentemente não havia na de errado. Fred se aproximou e mal conseguiu tocar na pele de Solk, que parecia pegar fogo. Luca se lembrou de como foi quando ele fez a passagem para o Greenfar. Não seria diferente com Solk, mas ele não se lembrava de nada além de dores de cabeça lancinantes.
        Solk caiu no chão de dor, mas Luca e Fred não conseguiam ajudá-lo por ser impossível tocar em sua pele.
        - Onde está Ayla? É impossível ela ainda não ter percebido o que aconteceu nessa casa – disse Fred abrindo a porta para procurá-la. Antes que a abrisse por completo, alguém a empurrou do lado de fora.
        - É claro que eu percebi! – e entrou como um furacão na sala indo em direção a Solk, que se contorcia no chão. Ao tentar tocá-lo percebeu que algo de muito errado acontecia.
        - Ele não vai resistir a essa temperatura, precisamos equilibrá-lo agora, mas não sei se será possível. Existe muita energia causando isso.
        A curandeira se sentou com cuidado ao lado do corpo de Solk, que estava prestes a perder a consciência e aproximando as mãos de sua cabeça começou a reorganizar a energia. Por um bom tempo Ayla permaneceu imóvel enquanto Solk ainda se contorcia. Fred e Luca acreditavam que se ele não perdesse a consciência seria possível salvá-lo, mas o Luca não se perdoaria caso perdesse o amigo por sua curiosidade e teimosia em abrir uma passagem.
        A expressão de dor no rosto de Solk permanecia, mas seu corpo se mexia menos, com um espaço de tempo maior entre espasmos de dor. Algumas horas depois, a preocupação dos dois também era com Ayla, que não se movia e parecia em transe.
        - Ela deve estar precisando de alguma ajuda, o que fazemos, Fred? – disse Luca apreensivo.
        - Vamos confiar nela, é o que precisamos fazer.
        O silêncio da casa só era interrompido por alguns gemidos de Solk, que embora parecesse mais sereno, ainda sentia muita dor. Até que Ayla abriu os olhos e baixou as mãos para tocar o braço de Solk.
        - Ele ainda está com muita febre e dores. Não deve acordar ainda, mas sua energia será estabilizada. A energia das pessoas do mundo lógico é muito intensa e carregada. É como se não houvesse equilíbrio, por isso é tão difícil para mim fazer meu trabalho.
        Ayla se levantou com dificuldade, amparada por Fred. Ela havia esgotado as próprias energias para salvar Solk. Luca trouxe um pouco de água e disse:
        - Comigo aconteceu algo semelhante, mas meu corpo não queimava. Era só minha cabeça que doía como se estivesse sendo esmagada repetidas vezes.
        - Ainda não sabemos ao certo o que acontece durante a passagem de alguém de um mundo para o outro. Para mim também é difícil entender a intensidade da energia que vocês carregam, mas agora...por favor...não tente mais isso.
Ayla olhou para o corpo de Solk enfraquecido no chão da casa e respirando com muita dificuldade.
        - Você pode matar alguém, Luca, se não matar a você mesmo.
        Luca sabia que ela tinha razão, e então foi em direção a Solk para vigiá-lo e tentar garantir que nenhum outro mal acontecesse a ele.
        Fred se sentou ao lado de Ayla, preocupado com sua fragilidade após a intensidade do que havia ocorrido e disse:
        - Você precisa descansar minha querida, vá para casa. Não acho que nada mais de extraordinário vá acontecer por aqui.
        - Não sei se ele vai acordar em breve ou se sua energia vai se desequilibrar de novo, é arriscado deixá-lo. Se a temperatura aumentar novamente e eu não estiver por perto ele não sobreviverá.
        - Então você irá descansar aqui em casa, no quarto.
        Os dois foram em direção ao quarto, mas sem que Ayla deixasse de avisar a Luca que qualquer alteração de Solk deveria ser avisada imediatamente. Ele concordou e continuou ao lado do amigo.

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